Vitória veio do banco e do coração!
BENFICA 2-1 MARÍTIMO
(Cardozo g.p, Adu; Kanu)
Que alma, que atitude... Que Coração! Que grande Benfica tivemos ontem à noite na Luz frente a um Marítimo organizado, bem orientado e com jogadores de grande qualidade. Quem como eu teve a oportunidade de ir à Luz ver este jogo, certamente deu por bem empregue o seu tempo.
Para quem é adepto "encarnado", seguramente que não viu um grande Benfica a nível de qualidade de jogo ou até mesmo sob ponto de vista de transições e caudal ofensivo, mas estou convencido que assistiu ao melhor Benfica da temporada a nível de raça, entrega, espírito de sacríficio e cumplicidade entre todos os seus atletas. Jogar mais de uma hora com dez unidades, frente a um adversário que justificou na Luz o porquê de estar entre os melhores, e fazer a segunda parte que o Benfica fez, tendo ainda em conta que na 4ª feira havia jogado para a Liga dos Campeões, é algo fantástico e digno de registo. Tal como disse Camacho no final do jogo, com esta atitude e dedicação, caso o empate se tivesse efectivado, o espanhol iria ao balneário cumprimentar os seus atletas de uma forma orgulhosa e como se de uma vitória se tratasse.
Neste jogo há efectivamente muita coisa para dizer. A análise a esta partida vai ser feita por tópicos, sendo que irei referir primeiramente os pontos positivos e depois os negativos. Mesmo com a vitória do Benfica, houve efectivamente alguns aspectos que não me agradaram, fundamentalmente quando as equipas se encontravam em igualdade numérica.
POSITIVO:
- Antes de falar propriamente do Benfica, importa salientar a extraordinária réplica do Marítimo em pleno estádio da Luz. Atenção, como poderão ver mais à frente, nem tudo o que o clube madeirense fez neste jogo foi positivo. Agora, aquela primeira parte digna de uma equipa com qualidade e argumentos futebolísticos, faz inveja a muitas formações desta Bwin Liga. Jogar com dois avançados diferentes mas que se complementam muito bem e fazer entrar dois médios de ataque com a qualidade de Márcio Mossoró e Marcinho, que tantos problemas trouxeram à defensiva encarnada, foram provas mais que provadas que o Marítimo vinha à Luz para jogar o jogo pelo jogo.
- Relativamente ao Benfica, já destaquei a atitude, a raça, a entrega, o espírito de equipa, a entreajuda e a dedicação com que o Benfica se apresentou, nomeadamente a partir do momento em que se encontrou a jogar com menos uma unidade. Todos esses adjectivos encaixam bem em todos os jogadores que vestiram a camisola encarnada neste jogo. Contudo, houve três atletas que deram ainda mais sentido e ênfase a tudo isso: Léo, Bynia e Cristian Rodriguez foram ENORMES. Correram até não poder mais, lutaram, atacaram, defenderam, remataram, cruzaram, apareceram à esquerda, ao meio, à direita... Enfim...Estes três, mais do que todos os outros, foram simplesmente brilhantes. Talvez Bynia tenha sido o melhor jogador em campo mas não poderia deixar passar a exibição de Rodriguez que visivelmente desgastado no segundo tempo - algo que o levou a agarrar-se em demasia à bola em determinadas alturas, revelando essa tal falta de frescura física -, deu tudo o que tinha e que não tinha e era dos poucos (Léo também!) a tentar levar a equipa para a frente como se de uma final Europeia se tratasse e como se a equipa estivesse a jogar com um jogador a mais e a perder.
Obviamente que Léo também merece uma nota muito elevada já que voltou às grandes exibições e foi dos seus pés que saíu a jogada do golo da vitória, um momento que terei de sublinhar exclusivamente num outro ponto.
- A forma como Camacho organizou a equipa depois da expulsão de Quim foi fantástica. A troca de Butt por Edcarlos é muito bem vista. Katsouranis - aí está a importância de ter um jogador polivalente -, foi para central e a equipa não se desequilibrou. Aliás, esta substituição fez com que o rendimento de Bynia subisse em flecha. Mais um pormenor para analisarmos nos aspectos negativos.
- Se Camacho foi importante na forma como leu o jogo, é um facto que também foi feliz nas subsituições operadas. Afinal, foram estas mesmas que deram o triunfo à equipa. Butt, pela primeira vez chamado ao campeonato, foi fundamental. Entrou em campo, defendeu um penalty, teve, no segundo tempo, mais uma ou duas excelentes intervenções que, efectivamente, valeram pontos. Com efeito, a estreia do alemão na Bwin Liga foi um sucesso.
Para a segunda parte, Camacho resolveu colocar em campo Luís Filipe em detrimento de Di Maria. A pouca produtividade do argentino no primeiro tempo obrigou a que o espanhol queimasse uma alteração ao intervalo. A entrada de L.Filipe fez com que Maxi se adiantasse para médio direito e a verdade é que a equipa melhorou muito neste flanco. Apetece-me dizer que, salvo um ou outro disparate, tivemos um Luís Filipe mais próximo daquele que tão bem se exibia em Braga; e Maxi, tal como é seu hábito, entregou-se ao jogo e deu mais força ao meio-campo.
Finalmente, a terceira e a mais feliz alteração. Freddy Adu entrou a 10 minutos do final da partida para o lugar de Maxi Pereira. Ora, entrar em campo numa fase em que a equipa está tremendamente desgastada pelo facto de ter jogado grande parte do tempo em inferioridade numérica e, mais uma vez, selar a sua exibição com um golo fruto do seu acreditar e da sua irreverência, faz com que o público da Luz acredite que está ali, à imagem de Di Maria, um diamante para o futuro. A forma determinada com que Freddy Adu saíu do flanco esquerdo em diagonal para o poste mais distante e atacou a bola depois do cruzamento de Léo é um momento que reflecte a qualidade de um jogador.
- O público. Sensacional o apoio dos adeptos à equipa do Benfica. Não se ouviram assobios à exibição da equipa, mesmo quando vimos remates disparatados a mais de 30 metros da baliza de Marcos. A forma com que o Estádio assobiou no momento da penalidade de Makukula e a maneira exuberante com que os adeptos rejubilaram com o segundo golo "encarnado" foram os momentos altos da noite. Um espectáculo ter estado presente naquele "inferno".
- Termino a parte positiva do jogo com duas notas. A primeira vai para mais um míssil de Cardozo na transformação de uma grande penalidade. Ainda estou para conhecer o guarda-redes que consiga parar uma "bomba" daquelas.
A segunda nota diz respeito à eficácia do Benfica nestes dois últimos jogos. É curioso que contra o Celtic, o Benfica fez mais de 20 remates, enviou duas bolas aos postes, dispôs de claras situações de golo mas... Apenas marcou um golo. Hoje, frente ao Marítimo, a equipa teve menos posse de bola, o adversário causou muito mais situações de golo e o que é certo é que Marcos viu a bola enrolar-se nas suas redes por duas vezes.
É assim o futebol e são estes pormenores que fazem com que esta modalidade seja tão incerta.
NEGATIVO:
- Falta de ambição do Marítimo na segunda parte. O Marítimo perdeu uma excelente oportunidade para ganhar na Luz. Creio que as substituições operadas pelo técnico maritimista não foram as mais felizes e a equipa sofreu isso na "pele".
Estou convencido que o Marítimo, a dada altura do jogo, preferiu mais segurar o pontinho do que propriamente arrancar para uma vitória histórica. Aquela substituição de Briguel por Makukula não lembra a ninguém.
- Di Maria. Fez, seguramente, o pior jogo ao serviço do Benfica. A irregularidade nas suas exibições é proprio de quem ainda está a adaptar-se ao futebol europeu e de quem ainda só tem 19 anos. É preciso paciência.
- Os primeiros 20 minutos do Benfica. A equipa entrou muito mal no jogo. Cardozo esteve muito desapoiado já que Rodriguez, Rui Costa e Di Maria demoravam muito a chegar ao último terço de jogo. Além disso, Bynia e Katsouranis, ambos a jogarem como médios-defensivos, anularam-se mutuamente e não conseguiram dar amplitude ao jogo da equipa. Já o tinha referido e continuo a dizer: Katouranis não rende a jogar como médio defensivo, tendo um outro trinco a seu lado. O grego rende muito mais sozinho como trinco ou então como médio interior direito, algo que lhe permite uma maior liberdade a nível ofensivo (um pouco à imagem de Lucho).
Curiosamente, quando Katsouranis foi para central, Bynia passou a jogar sozinho como trinco e o que é certo é que o seu rendimento foi outro. Limpou toda aquela zona do terreno, recuperou inumeras bolas, saíu a jogar, ganhou muitas bolas de cabeça; foi, sem dúvida, a unidade mais importante neste jogo, nomeadamente após a expulsão de Quim.
Em suma, vitória muito difícil do Benfica frente a um adversário que vai seguramente figurar nos 5/6 primeiros e, resultado disso, a subida da equipa liderada por Camacho ao segundo lugar, ultrapassando o Sporting, Guimarães e o Marítimo.
Em suma, vitória muito difícil do Benfica frente a um adversário que vai seguramente figurar nos 5/6 primeiros e, resultado disso, a subida da equipa liderada por Camacho ao segundo lugar, ultrapassando o Sporting, Guimarães e o Marítimo.
PS: Acho que aquele segundo golo do SLB vai entrar para a história. Dúvido que alguma vez algum adepto do Benfica tenha visto um lateral esquerdo ter feito uma jogada individual pela extrema direita, cruzando de PÉ DIREITO para o PÉ DIREITO de um EXTREMO ESQUERDO. Há coisas fantásticas não há?
5 comentários:
De fact para todos que acusam o Camcho de ser fraco a nível táctico , grande lição deu ele ontem , com a equipa com 10 a dar um baile do bola ao Maritímo . Segue-se o Setúbal . Abraço
O jovem norte-americano tem ganho minutos na equipa de Camacho e experiência no futebol europeu. Mais: no pouco tempo que está em campo já é visto pelos companheiros como um autêntico talismã e pelos adversários como um concreto pesadelo. Usando o nome próprio da principal figura do filme 'Pesadelo em Elm Street', este Freddy não é certamente o Krueger, mas lá que assusta, assusta...
altobola.blogspot.com
Um pormenor que me esqueci de referir na crónica mas que não me passou despercebido no estádio, isto bem antes do jogo ter começado. É incrivel como é que Makukula, recém chegado ao Marítimo e EMPRESTADO pelo Sevilha chega a capitão do Marítimo. Para além de não ter total perfil para assumir a braçadeira de capitão, é uma aberração vermos este avançado com a braçadeira, sabendo que em campo estavam Marcos ou Wénio, jogadores com muitos anos de Marítimo. Incrivel mesmo!
Pjs, essa do Pesadelo em Elm Street foi bem apanhada. O Adu ainda não assusta verdadeiramente. Mas estou convencido que vai assustar no futuro.
Tanque, esta semana não fui ver os Marrazes e, como tal, não posso fazer a crónica. Aparece mais vezes no blog.
Um abraço!
Tal como tivemos oportunidade de comentar na viagem de regresso a Leiria, a história do jogo foi precisamente a transcrita na peça. Análise correctíssima.
Reportagem BRILHANTE!!!
Um abraço.
EDUARDO MARQUES
Porto campeão à oitava jornada!
Pobre futebol português. Onde anda o benfica de nível europeu?
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