segunda-feira, outubro 29, 2007

Bwin Liga: Benfica sofre mas vence Marítimo pela mínima


Vitória veio do banco e do coração!

BENFICA 2-1 MARÍTIMO
(Cardozo g.p, Adu; Kanu)



Que alma, que atitude... Que Coração! Que grande Benfica tivemos ontem à noite na Luz frente a um Marítimo organizado, bem orientado e com jogadores de grande qualidade. Quem como eu teve a oportunidade de ir à Luz ver este jogo, certamente deu por bem empregue o seu tempo.
Para quem é adepto "encarnado", seguramente que não viu um grande Benfica a nível de qualidade de jogo ou até mesmo sob ponto de vista de transições e caudal ofensivo, mas estou convencido que assistiu ao melhor Benfica da temporada a nível de raça, entrega, espírito de sacríficio e cumplicidade entre todos os seus atletas. Jogar mais de uma hora com dez unidades, frente a um adversário que justificou na Luz o porquê de estar entre os melhores, e fazer a segunda parte que o Benfica fez, tendo ainda em conta que na 4ª feira havia jogado para a Liga dos Campeões, é algo fantástico e digno de registo. Tal como disse Camacho no final do jogo, com esta atitude e dedicação, caso o empate se tivesse efectivado, o espanhol iria ao balneário cumprimentar os seus atletas de uma forma orgulhosa e como se de uma vitória se tratasse.

Neste jogo há efectivamente muita coisa para dizer. A análise a esta partida vai ser feita por tópicos, sendo que irei referir primeiramente os pontos positivos e depois os negativos. Mesmo com a vitória do Benfica, houve efectivamente alguns aspectos que não me agradaram, fundamentalmente quando as equipas se encontravam em igualdade numérica.

POSITIVO:

- Antes de falar propriamente do Benfica, importa salientar a extraordinária réplica do Marítimo em pleno estádio da Luz. Atenção, como poderão ver mais à frente, nem tudo o que o clube madeirense fez neste jogo foi positivo. Agora, aquela primeira parte digna de uma equipa com qualidade e argumentos futebolísticos, faz inveja a muitas formações desta Bwin Liga. Jogar com dois avançados diferentes mas que se complementam muito bem e fazer entrar dois médios de ataque com a qualidade de Márcio Mossoró e Marcinho, que tantos problemas trouxeram à defensiva encarnada, foram provas mais que provadas que o Marítimo vinha à Luz para jogar o jogo pelo jogo.

- Relativamente ao Benfica, já destaquei a atitude, a raça, a entrega, o espírito de equipa, a entreajuda e a dedicação com que o Benfica se apresentou, nomeadamente a partir do momento em que se encontrou a jogar com menos uma unidade. Todos esses adjectivos encaixam bem em todos os jogadores que vestiram a camisola encarnada neste jogo. Contudo, houve três atletas que deram ainda mais sentido e ênfase a tudo isso: Léo, Bynia e Cristian Rodriguez foram ENORMES. Correram até não poder mais, lutaram, atacaram, defenderam, remataram, cruzaram, apareceram à esquerda, ao meio, à direita... Enfim...Estes três, mais do que todos os outros, foram simplesmente brilhantes. Talvez Bynia tenha sido o melhor jogador em campo mas não poderia deixar passar a exibição de Rodriguez que visivelmente desgastado no segundo tempo - algo que o levou a agarrar-se em demasia à bola em determinadas alturas, revelando essa tal falta de frescura física -, deu tudo o que tinha e que não tinha e era dos poucos (Léo também!) a tentar levar a equipa para a frente como se de uma final Europeia se tratasse e como se a equipa estivesse a jogar com um jogador a mais e a perder.
Obviamente que Léo também merece uma nota muito elevada já que voltou às grandes exibições e foi dos seus pés que saíu a jogada do golo da vitória, um momento que terei de sublinhar exclusivamente num outro ponto.

- A forma como Camacho organizou a equipa depois da expulsão de Quim foi fantástica. A troca de Butt por Edcarlos é muito bem vista. Katsouranis - aí está a importância de ter um jogador polivalente -, foi para central e a equipa não se desequilibrou. Aliás, esta substituição fez com que o rendimento de Bynia subisse em flecha. Mais um pormenor para analisarmos nos aspectos negativos.

- Se Camacho foi importante na forma como leu o jogo, é um facto que também foi feliz nas subsituições operadas. Afinal, foram estas mesmas que deram o triunfo à equipa. Butt, pela primeira vez chamado ao campeonato, foi fundamental. Entrou em campo, defendeu um penalty, teve, no segundo tempo, mais uma ou duas excelentes intervenções que, efectivamente, valeram pontos. Com efeito, a estreia do alemão na Bwin Liga foi um sucesso.
Para a segunda parte, Camacho resolveu colocar em campo Luís Filipe em detrimento de Di Maria. A pouca produtividade do argentino no primeiro tempo obrigou a que o espanhol queimasse uma alteração ao intervalo. A entrada de L.Filipe fez com que Maxi se adiantasse para médio direito e a verdade é que a equipa melhorou muito neste flanco. Apetece-me dizer que, salvo um ou outro disparate, tivemos um Luís Filipe mais próximo daquele que tão bem se exibia em Braga; e Maxi, tal como é seu hábito, entregou-se ao jogo e deu mais força ao meio-campo.
Finalmente, a terceira e a mais feliz alteração. Freddy Adu entrou a 10 minutos do final da partida para o lugar de Maxi Pereira. Ora, entrar em campo numa fase em que a equipa está tremendamente desgastada pelo facto de ter jogado grande parte do tempo em inferioridade numérica e, mais uma vez, selar a sua exibição com um golo fruto do seu acreditar e da sua irreverência, faz com que o público da Luz acredite que está ali, à imagem de Di Maria, um diamante para o futuro. A forma determinada com que Freddy Adu saíu do flanco esquerdo em diagonal para o poste mais distante e atacou a bola depois do cruzamento de Léo é um momento que reflecte a qualidade de um jogador.


- O público. Sensacional o apoio dos adeptos à equipa do Benfica. Não se ouviram assobios à exibição da equipa, mesmo quando vimos remates disparatados a mais de 30 metros da baliza de Marcos. A forma com que o Estádio assobiou no momento da penalidade de Makukula e a maneira exuberante com que os adeptos rejubilaram com o segundo golo "encarnado" foram os momentos altos da noite. Um espectáculo ter estado presente naquele "inferno".

- Termino a parte positiva do jogo com duas notas. A primeira vai para mais um míssil de Cardozo na transformação de uma grande penalidade. Ainda estou para conhecer o guarda-redes que consiga parar uma "bomba" daquelas.
A segunda nota diz respeito à eficácia do Benfica nestes dois últimos jogos. É curioso que contra o Celtic, o Benfica fez mais de 20 remates, enviou duas bolas aos postes, dispôs de claras situações de golo mas... Apenas marcou um golo. Hoje, frente ao Marítimo, a equipa teve menos posse de bola, o adversário causou muito mais situações de golo e o que é certo é que Marcos viu a bola enrolar-se nas suas redes por duas vezes.
É assim o futebol e são estes pormenores que fazem com que esta modalidade seja tão incerta.

NEGATIVO:

- Falta de ambição do Marítimo na segunda parte. O Marítimo perdeu uma excelente oportunidade para ganhar na Luz. Creio que as substituições operadas pelo técnico maritimista não foram as mais felizes e a equipa sofreu isso na "pele".
Estou convencido que o Marítimo, a dada altura do jogo, preferiu mais segurar o pontinho do que propriamente arrancar para uma vitória histórica. Aquela substituição de Briguel por Makukula não lembra a ninguém.

- Di Maria. Fez, seguramente, o pior jogo ao serviço do Benfica. A irregularidade nas suas exibições é proprio de quem ainda está a adaptar-se ao futebol europeu e de quem ainda só tem 19 anos. É preciso paciência.

- Os primeiros 20 minutos do Benfica. A equipa entrou muito mal no jogo. Cardozo esteve muito desapoiado já que Rodriguez, Rui Costa e Di Maria demoravam muito a chegar ao último terço de jogo. Além disso, Bynia e Katsouranis, ambos a jogarem como médios-defensivos, anularam-se mutuamente e não conseguiram dar amplitude ao jogo da equipa. Já o tinha referido e continuo a dizer: Katouranis não rende a jogar como médio defensivo, tendo um outro trinco a seu lado. O grego rende muito mais sozinho como trinco ou então como médio interior direito, algo que lhe permite uma maior liberdade a nível ofensivo (um pouco à imagem de Lucho).
Curiosamente, quando Katsouranis foi para central, Bynia passou a jogar sozinho como trinco e o que é certo é que o seu rendimento foi outro. Limpou toda aquela zona do terreno, recuperou inumeras bolas, saíu a jogar, ganhou muitas bolas de cabeça; foi, sem dúvida, a unidade mais importante neste jogo, nomeadamente após a expulsão de Quim.

Em suma, vitória muito difícil do Benfica frente a um adversário que vai seguramente figurar nos 5/6 primeiros e, resultado disso, a subida da equipa liderada por Camacho ao segundo lugar, ultrapassando o Sporting, Guimarães e o Marítimo.
PS: Acho que aquele segundo golo do SLB vai entrar para a história. Dúvido que alguma vez algum adepto do Benfica tenha visto um lateral esquerdo ter feito uma jogada individual pela extrema direita, cruzando de PÉ DIREITO para o PÉ DIREITO de um EXTREMO ESQUERDO. Há coisas fantásticas não há?


5 comentários:

Tanque Silva disse...

De fact para todos que acusam o Camcho de ser fraco a nível táctico , grande lição deu ele ontem , com a equipa com 10 a dar um baile do bola ao Maritímo . Segue-se o Setúbal . Abraço

Paulo Jorge Sousa disse...

O jovem norte-americano tem ganho minutos na equipa de Camacho e experiência no futebol europeu. Mais: no pouco tempo que está em campo já é visto pelos companheiros como um autêntico talismã e pelos adversários como um concreto pesadelo. Usando o nome próprio da principal figura do filme 'Pesadelo em Elm Street', este Freddy não é certamente o Krueger, mas lá que assusta, assusta...

altobola.blogspot.com

Unknown disse...

Um pormenor que me esqueci de referir na crónica mas que não me passou despercebido no estádio, isto bem antes do jogo ter começado. É incrivel como é que Makukula, recém chegado ao Marítimo e EMPRESTADO pelo Sevilha chega a capitão do Marítimo. Para além de não ter total perfil para assumir a braçadeira de capitão, é uma aberração vermos este avançado com a braçadeira, sabendo que em campo estavam Marcos ou Wénio, jogadores com muitos anos de Marítimo. Incrivel mesmo!

Pjs, essa do Pesadelo em Elm Street foi bem apanhada. O Adu ainda não assusta verdadeiramente. Mas estou convencido que vai assustar no futuro.

Tanque, esta semana não fui ver os Marrazes e, como tal, não posso fazer a crónica. Aparece mais vezes no blog.
Um abraço!

Anónimo disse...

Tal como tivemos oportunidade de comentar na viagem de regresso a Leiria, a história do jogo foi precisamente a transcrita na peça. Análise correctíssima.
Reportagem BRILHANTE!!!

Um abraço.

EDUARDO MARQUES

Anónimo disse...

Porto campeão à oitava jornada!
Pobre futebol português. Onde anda o benfica de nível europeu?