segunda-feira, outubro 01, 2007

QUAL O MELHOR SISTEMA PARA ESTE BENFICA?





Pegando nas sábias palavras de Luis Freitas Lobo, parece-me que há coisas que efectivamente estão a falhar no futebol do Benfica. Partindo do principio que Camacho conhece bem melhor que eu o plantel que tem à sua disposição, o presente post nada mais tem que a opinião de um adepto que tem apenas como referência aquilo que lhe é apresentado jogo após jogo. Assim, vamos por partes, sendo que, apetece-me começar por falar no que de bom tem esta equipa.

1. Ponto prévio: o Benfica tem bons valores no seu plantel. Apesar das importantes saídas que houve, apesar da enorme distância pontual que separa o clube da luz do Porto, apesar das criticas a alguns reforços, apesar de muita coisa que (não) se tem passado durante os jogos, continuo a achar que o plantel tem qualidade suficiente para este campeonato.
Por paradoxal que possa parecer, no meu entender, dificilmente o Porto vai deixar fugir o primeiro lugar. Agora, uma coisa nada tem a ver com a outra. O plantel do Benfica, com toda a gente em condições físicas, psicológicas e com uma melhor adaptação à realidade do futebol europeu/português, tem condições para se bater com o Porto e o Sporting. Independentemente do plantel ser desequilibrado - já lá vamos -, os que cá estão, falando em termos de Superliga, chegam perfeitamente.

2. Ainda antes de entrar em pormenores mais tácticos, gostaria de salientar que estou desiludido com as performances da equipa mas, sinceramente, já estive bem mais preocupado. Tudo leva o seu tempo. Diria que o jogo deste fim-de-semana deveria ter sido uma espécie de jogo de final de pré-temporada. Camacho tem construído uma equipa de trás para a frente e isso é positivo. É assim que se constroi uma equipa, sempre ouvi dizer. Quim tem estado fabuloso - esteve mais uma vez muito bem contra o Sporting -, a defesa, com o regresso de Luisão e a extraordinária forma de jogadores como Léo ou Katsouranis tem estado em bom plano e, não tão menos importante, uma nota de destaque para a rápida transição ataque-defesa da equipa. Nesse capítulo, gostaria de salientar a importância de Cristian Rodriguez que tem revelado um coração e uma enorme determinação em anular qualquer iniciativa do adversário. Depois do que havia visto na Copa América, não tinha dúvidas que este uruguaio iria ser um bom reforço para a equipa. Já o disse e volto a dizer que um atleta que relega para o banco de suplentes tão e somente Alvaro Recoba, naturalmente que teria que ter qualidade. O "cebola" é, até ao momento e a par de Di Maria, o grande reforço desta época.

3. Se em termos defensivos a "coisa" tem funcionado bem, em termos ofensivos, de finalização para ser mais preciso, é que está o grande problema da equipa. Em 6 jogos, empatar 3 vezes a zero tem tanto de preocupante como de elucidativo. Só que há aqui uma questão que me deixa algo confuso. Se repararmos bem, se pusermos de parte o jogo de estreia de Camacho com o Guimarães, tivemos 7 jogos com o espanhol a comandar, 4 para a liga, 2 para a Champions (Copenhaga e Milan) e 1 para a Taça da Liga. Ora, nessas sete partidas, é curioso que o Benfica só ganhou nos jogos em que actuou num sistema mais próximo do 4-4-2, portanto com Nuno Gomes e Cardozo a assumirem as despesas do ataque. Em Milão (só Cardozo), em Braga e na Luz contra o Sporting (só Nuno Gomes) e na Amadora (só Dabau), o Benfica obteve os resultados que todos nós sabemos, enquanto que com o Copenhaga, Nacional e Naval, o Benfica ganhou os três jogos e marcou 7 golos, não sofrendo nenhum.
Podem dizer-me que os adversários eram mais acessíveis ou que esta constatação tem pouca relevância mas a verdade é que são factos concretos e bem curiosos.

4. A abordagem feita no ponto anterior leva-me finalmente à questão que levantei para este post. Qual será o melhor sistema para este Benfica?

- partindo do principio que daqui a um mês todos os jogadores do plantel estão disponíveis, alguns tópicos me parecem essenciais para chegar a uma melhor resposta para esta pergunta.

- começando pelo mais fácil - a defesa, creio que aí não há muitas dúvidas. Quim é indiscutível (mas infelizmente só no Benfica), Nélson à direita, não sendo grande "espingarda" a defender, é claramente melhor que o "barrete" Luis Filipe; no meio, David Luiz e Luisão serão seguramente os titulares - Edcarlos é fraco, Zoro parece-me algo faltoso para uma posição daquela envergadura e Miguel Vitor é ainda "verde" -; à esquerda, Léo é, também ele, dono e senhor da posição. À primeira vista, uma defesa de qualidade, sendo que não ficava nada mal um retoque naquela lateral direita.

- entrando no meio-campo, começam os "problemas". Para o meio há muitos e bons, para jogar num 4-2-3-1 com alas e como Camacho tanto gosta, nem tanto.
Como médios defensivos, temos Petit, Katsouranis e Bynia. Para falar dos trincos e de quem escolheria, teria também que referir o nome do maestro. É que há aqui um pormenor deveras importante. Petit, Katso e Rui Costa, estes três, pelo nome, pela qualidade e pelo estatuto que têm, obviamente que têm de ser titulares. A grande questão é precisamente como fazer para que estes três sejam compatíveis. Já o disse na época passada e mantenho a minha opinião, Petit e Katsouranis, os dois a actuarem como pivots defensivos, não funcionam tão bem. O médio português dá-se claramente melhor a jogar sozinho enquanto que Katsouranis, ou joga aí e também sozinho como se viu contra o Sporting, ou então terá que jogar mais avançado, ou seja, na propriedade pertencente a Rui Costa. Se tivermos em linha de conta que o "número 10 encarnado" também gosta de ter espaços, ter ali um anti-corpo não é nada vantajoso para o seu futebol.

- parecendo-me lógico que Camacho vai alinhar sempre com o trio de meio-campo acima referido, sobram apenas 3 vagas para o ataque. Mais um grande berbicacho. Tome-se, mais uma vez, as palavras de Freitas Lobo:



Parece-me evidente que Cardozo é o típico avançado que precisa de jogar com mais uma unidade no ataque. Ora, se Nuno Gomes não é nem nunca será um "matador", a verdade é que sempre se deu bem na companhia de um outro avançado. Se o português fizer poucos golos mas criar muitos espaços para o paraguaio ou o chinês marcar, então felizes da vida. No Nacional viu-se o que o "Tacuara" pode fazer perante a ajuda de um outro avançado.

- pois bem, temos Rodriguez à esquerda e Di Maria à direita - ao contrário do que já li, creio que como extremo direito podemos ter um Di Maria estilo Lionel Messi e, como tal, entendo que não é um "peixe fora d'água" -, jogadores que não vão sair do onze porque Camacho é fiel a um onze com alas, temos a questão do indiscutível trio de meio-campo que faz com que sobre apenas um lugar para o eixo do ataque. Sendo que Nuno Gomes e Cardozo não têm, de todo, características para jogarem "abandonados" na frente, como fazer então?

- abdicar de Katsouranis e jogar com dois avançados?

- tirar Di Maria e colocar Katso a falso interior direito, fazendo com que Nélson assuma todo o corredor direito?

- colocar Rui Costa mais perto de Cardozo e deixar Nuno Gomes de fora?

- abdicar de Rui Costa e, com dois avançados, ter em campo Di Maria a fazer de "10" e de ala ao mesmo tempo?

Pois é, quando se constroi um plantel desequilibrado e com jogadores sem características para o modelo de jogo do treinador, as coisas tornam-me mais difíceis. Naturalmente que esta equipa foi feita por Fernando Santos e foi pensada para um sistema totalmente diferente.
Não tendo certezas da melhor equipa para este modelo de Camacho, uma coisa me parece evidente. Enquanto não há Petit, há que arriscar mais e, para isso, julgo que chega bem Katsouranis como único médio defensivo, ainda por mais sabendo da enorme capacidade de Rodriguez nas transições ataque-defesa, revelando-se por isso, uma boa muleta para o grego e até para Rui Costa.
Depois, lá na frente, dois avançados e Di Maria a extremo-vagabundo dado que o facto de termos um jogador como Nélson a lateral permite ao argentino não se agarrar constantemente à ala.

Com este ou aquele sistema, é fundamental ganhar ao perigoso Shakthar Donetsk que tem sido uma espécie de Porto na Ucrânia. Apenas contabiliza um empate, tendo no resto somado por vitórias os jogos realizados. Atenção a Nery Castillo, Lucarelli e companhia.

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